Continuam os trabalhos de radiomarcação do milhafre-real na comunidade de Castilla y León

A Consejería de Fomento y Medio Ambiente, através da Fundación Patrimonio Natural, continua com as ações previstas no programa de conservação do milhafre-real (Milvus milvus) que foi apresentado no final do ano passado. A comunidade de Castilla y León acolhe 1.298 casais reprodutores e 25.300 exemplares invernantes de acordo com os últimos censos elaborados. A marcação científica reporta importantes aspetos do comportamento desta espécie, como o uso do território, os seus movimentos dispersivos e a sua filopatria. O milhafre encontra-se referenciado no Catálogo Espanhol de Espécies Ameaçadas como "Em perigo de Extinção".

A Fundación Patrimonio Natural e a Fundação EDP puseram em marcha, em finais do ano passado, um programa de conservação do milhafre-real na comunidade de Castilla y León, com um investimento de 204.000 euros, que se desenvolverá até 2017. O projeto consta de uma série de ações, cujos objetivos são conhecer a biologia da espécie, a sua situação populacional e as suas principais ameaças, assim como acionar campanhas de sensibilização e proteção.

O milhafre-real é uma das espécies continentais com distribuição mais restringida, centrada na Europa a oeste dos Urais, especialmente na Alemanha, França e Espanha, que concentram 90% da população mundial. Para além de albergar uma importante população reprodutora, Espanha é a principal área de invernada das populações de latitudes mais a norte.

A comunidade de Castilla y León alberga a população reprodutora e invernante mais numerosa da península Ibérica. No último censo nacional, estimou-se uma população reprodutora de 1.298 casais (56,14% da população espanhola) e de 25.300 exemplares de população invernante (50,30%).

Entre as ações contempladas pelo projeto destacam-se a marcação científica de exemplares com emissores GPS-GSM. Com esta ação pretende-se conhecer importantes aspetos do comportamento do milhafre-real como o respetivo uso do território, os seus movimentos dispersivos e a sua filopatria (tendência que apresentam muitas espécies animais de permanecer no mesmo território em que nasceram, ou a voltar ao mesmo território para se reproduzir ou nidificar), por intermédio da radiotelemetria, uma importante ferramenta de investigação que permite localizar a ave com bastante exatidão.

Este tipo de emissores têm incorporado um GPS que regista a localização geográfica (erro máximo de 18 m) em cada hora e que se apaga durante a noite (utilizam a energia solar como fonte de alimentação). A informação é enviada através de uma mensagem, utilizando a rede móvel e descarrega-se através de um servidor. Deste modo proporcionarão, em condiciones ideais de funcionamento (elevada exposição solar e boa cobertura GPS), até 5.000 localizações anuais, o que permitirá obter um amplo conhecimento dos movimentos do exemplar durante o ano.

Em junho de 2015 foram capturados e marcados com emissores quatro exemplares de milhafre-real, um na província de Ávila (uma fêmea reprodutora), dois na província de Valladolid (uma fêmea reprodutora e uma cria) e um em Zamora (uma fêmea reprodutora).

Em 2016 foi ampliada a marcação de milhafres-reais a outras províncias como Burgos, Palência e Leão cujas povoações são reduzidas e encontram-se na área de distribuição mais setentrional da Comunidade. Na sequência da busca e localização de casais reprodutores nestas províncias, no mês de junho organizou-se a captura de exemplares, tendo como resultado a marcação de uma fêmea reprodutora em Burgos e uma cria de um ninho em Leão.

Procurou-se que os exemplares marcados fossem principalmente adultos reprodutores para assegurar que pertencem a uma povoação reprodutora determinada. Ao serem adultos, também existe maior probabilidade de duração no registo de dados, visto que os mais jovens ou imaturos possuem uma taxa de mortalidade superior.

Foi utilizado um sistema de armadilha, que demostrou ser inócuo e eficaz, que consistiu na captura, nas imediações, de ninhos ativos com crias com uma rede dho-gaza e um isco vivo de bufo-real. O sistema consiste em colocar, a uns 50 metros do ninho, uma rede de aproximadamente três por três metros, rede essa que se dispõe de forma vertical, suspensa em duas hastes metálicas afixadas no solo, e em cuja base se coloca um exemplar vivo de bufo-real. Os milhafres ao ver o potencial predador atacam-no e ficam enredados na rede, ficando presos. Uma vez instalada, a rede é vigiada a cerca de 300 metros de distância para observar o comportamento das aves.